Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Programas Governamentais de Medicamentos Gratuitos ou Subsidiados é o objetivo principal deste Blog, que é produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Transplantes de Órgãos: 
o que todos deveriam saber e não sabem

Prof.Alexandre Pinto Cardoso*

Recentemente no Estado do Espírito Santo um acidente de helicóptero vitimou, fatalmente, duas equipes médicas que a bordo retornavam de atividade de captação de órgãos para implantes. Poderíamos nos aproximar do tema de muitas maneiras, mencionar a notícia acima é uma delas, abordar a angústia das filas de espera uma outra , angústia que envolve quem espera, seja paciente, sejam seus familiares e a equipe médica que deles cuida. Quando o telefone toca e se recebe a informação é a nossa vez, desencadeia-se uma literal operação de guerra: mobilizar a equipe para captação do órgão, chamar os primeiros da fila para fazer a primeira aproximação da compatibilidade( importância dos exames em dia) reserva de sangue, vaga nos leitos de terapia intensiva para o pós operatório, muitas vezes dois ou mais pacientes podem ser beneficiados, o mesmo doador pode doar, rim, fígado e pulmão, é inimaginável a angústia e a tensão de todos para realização do(s) procedimento(s).

É de custo elevado o atendimento destas pessoas em todas as fases , por sua gravidade, no aguardo muitos estão em terapia renal substitutiva (hemodiálise), a realização exige equipamentos e insumos caros e continua de elevado custo no pós-operatório, tanto imediato, quanto tardio por conta do uso de imunossupressores e seu controle. O tempo necessário para formar um cirurgião é longo, da mesma forma que a equipe clínica e de anestesistas muitas vezes com períodos de treinamento fora de sede. É preciso lembrar que sempre se encontram em ação duas equipes, uma que capta, enquanto a outra prepara e inicia o procedimento em quem vai receber. Neste particular é necessário aperfeiçoar a legislação, que é restritiva no tocante à formação de novos quadros, uma vez que só pode participar do processo quem estiver habilitado pela CNDCO. Ora, como formar e treinar alguém se não estiver participando do processo? Claro que os tempos principais são sempre feitos por quem está habilitado ou sob sua supervisão direta. No momento esta prática é entendida como desconformidade pela auditoria do SUS.

Outro aspecto que necessita tratamento diferenciado é a remuneração dos profissionais envolvidos, sobretudo, porque professores não podem receber horas-extras e/ou dar plantões e por lei, o funcionário público não pode receber adicionais pecuniários por procedimento. Por outro lado, não podem ficar exclusivamente à espera de doadores , já que cumprem também outras atividades ligadas ao programa, ou nos seus respectivos departamentos.

Um outro aspecto que vem sendo muito discutido principalmente relativo ao transplante hepático é o figado de doação que não se encontra em excelentes condições para implante ( figado marginal) onde existe risco aumentado de rejeição ou insucesso. Durante um certo tempo este órgão foi descartado para implante , até que nos Estados Unidos começou a ser proposto , condicionado seu implante a aceitação do paciente , principalmente, aos portadores de câncer de fígado, quando estes não eram os primeiros da fila, porque estes últimos, quando não eram portadores de doença maligna, preferiam esperar a próxima doação, e se observou que um bom número de enxertos "pegavam" , menos que os ótimos, mas éticamente aceitavel. Esta prática, que salva muitas vidas, tem que ser decidida em curto espaço de tempo para viabilidade do procedimento e tem ensejado interpretações de que possam dolosamente, ou não, beneficiar àqueles que não estejam ranqueados no topo da lista .Os critérios que estão estabelecidos devem ser tornados públicos e detalhadamente explicados a todos que estão na fila de espera, bem como aos seus familiares para não afetar a credibilidade do sistema.

Estamos propondo um debate a ser sediado no CREMERJ, com todos os Hospitais que fazem o transplante de órgãos, Ministério público, Defensoria da União no Estado mdo Rio de Janeiro, Coordenação Estadual de Transplante, Academia Nacional de Medicina, ONGs ligadas ao tema, para após os debates incorporarmos soluções que melhorem o sistema como um todo.

Prof.Alexandre Pinto Cardoso
Diretor Geral do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - HUCFF/UFRJ
Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255
Rio de Janeiro - RJ - Brazil - CEP: 21.941-913
Phone: (55-21) 2562-6002/FAX: (55-21) 2562-2689
e.mail: alexandrecardoso@hucff.ufrj.br


Jornal O Globo - 21.08.08

Um comentário:

Anônimo disse...

gostasria de saber por qual motivo que no estado do espirito santo,principalmente em vitória, local onde é feito todo os transplantes renais,Cadaver, vem havendo um grande números de pessõas que recebem o rins,e, quanto não os perdem dentro do hospital nas primeiras 48 horas,ficam pouco tempo e perdem logo,alem de ficar um bom tempo entre a vida e a morte,,POR ESTE E OUTROS MOTIVOS MUITOS RENAIS ESTÃO DESISTINDO DO TRANSPLANTE EM VITÓRIA ......O QUE PODEMOS FAZER.....NOS RENAIS NÃO AGUENTAMOS MAIS O TRANSPLANTE ESTÁ SIGNIFICANDO MORTE OU SOFRIMENTO....SOCORRO,,,